sábado, 1 de maio de 2010

Crise de Pedofilia Igreja Católica

Nós vivemos na era da pós-modernidade, na era do hedonismo assoberbado, onde tudo é válido para satisfação pessoal, tudo é permitido. A pédofilia não está presente apenas no seio da Igreja Católica e infelizmente não são casos isolados ao longo da história, principalmente da presente história de nossa sociedade.
Uma crise em qualquer instituição pode trazer conseqüências irreparáveis, como já bem sabemos tudo depende da atitude não passiva e transparente diante da sociedade, diante de seu público. Em se tratando da Igreja então, o caso se torna bem mais grave por lidarmos com a fé das pessoas e acima de tudo sua confiabilidade.
Não é a primeira crise envolvendo a Igreja Católica Romana, o próprio surgimento do Protestantismo nasceu do rompimento de Lutero com suas crenças e ensinamentos inclusive o da indulgencia. Também há os casos de inquisição que mancham sua história. Mas a Igreja sempre lidou com essas crises com punhos fortes isso também gerou muita divisão em seu seio e o surgimento de novas religiões também se dá por esse motivo.
A igreja sempre preferiu se poupar e proteger sua imagem. E ela não é a única Igreja que age assim diante da crise, a maioria prefere dizer que é uma luta com o “Diabo”. Não quero acreditar que a memória das pessoas vai ser curta e logo todos nos esqueceremos dos fatos de pedofilia envolvendo a Igreja. E não apenas envolvendo Padres, mas doa a quem doer devemos enfrentar esse mal seja numa Instituição como a Igreja, como família ou qualquer uma.
Sei que o foco aqui não é a pedofilia em si, mas como a igreja tem agido perante as denuncias. Não é possível nos omitir diante dessa “doença social generalizada”. Assisti o último “Conexão Repórter” (30/04/2010), programa de jornalismo investigativo com Roberto Cabrini, no SBT e fiquei totalmente consternada diante das evidencias jornalísticas envolvendo sacerdotes católicos em Arapiraca (Alagoas), homens acima de qualquer suspeita, protegidos por suas batinas.
Acredito que se a muito as lideranças eclesiásticas da Igreja católica tivessem tido outra postura essa crise poderia ter sido evitada. Se diante das denuncias ao invés de transferência dos Padres acusados houvesse uma rigorosa “punição” aos mesmos e fossem tomadas medidas cabíveis, denunciados levados as autoridades de Justiça, a sociedade estaria olhando tudo isso com outros olhos. Aqui cabe uma pergunta: por que a omissão das autoridades eclesiásticas perante as acusações? Porque simples transferências ao invés de medidas cabíveis e rigorosas não com o fim de punir culpados apenas, mas de ajudá-los e acima de tudo evitar novas vítimas.
Ficou clara nessa matéria que existe (ou existia), um silêncio velado entre os padres, e infelizmente isso tem se repetido nas denuncias em todo o mundo. A igreja católica tem agido de forma individual em cada denuncia. O ex-Padre Edilson Duarte teve a meu ver muita coragem, ao ser entrevistado por Roberto Cabrini. Teve coragem em admitir ter “problemas”, e que “esses problemas influenciaram o seu sacerdócio”, que ele “vivia uma vida dupla e mentirosa”, que ele tinha “consciência de que estava pecando e cometendo um crime, mas não conseguia parar”. Ao menos ele foi honesto em admitir o que fez enquanto muitos continuam negando.
Fingir não saber não é defender a Igreja, passar panos quentes ou transferir alguém de lugar não é poupar é causar mais prejuízo para Igreja ou qualquer instituição. Diante da crise a transparência é sempre o melhor, a verdade por mais dolorosa que seja é sempre libertadora. Diante da crise é preciso repensar atitudes e agir com cautela, mas também com ética. A crise pode ser um convite pra sair da inércia, um convite pra sérias mudanças e passar há um estado que seja melhor que o primeiro. Momento de reformas e de reestruturação.
Isso não acontece com negação de erros, mas com assumir responsabilidades e fazer o que é certo. Acredito que isso tem haver nesse caso mais especifico em não apenas admitir erros e pedir desculpas, vidas foram afetadas com traumas inesquecíveis o que Igreja poderia fazer a respeito disso pelas pessoas que já passaram pelo trauma? E pra evitar que outros possam passar?
Os coroinhas de Arapiraca que denunciaram os abusos estão sofrendo represaria e sendo acusados de apenas tirar dividendos financeiros dos temas. Olha como são as coisas, eles são as vítimas, se expõem e ainda saem como culpados, como se tivessem perseguindo a Igreja. O jornalista Cabrini também pode ser acusado de perseguição, e a “mídia” está manipulando a informação pode dizer um católico convicto e cheio de fé, alguém pode dizer que as outras igrejas também têm os seus erros, roubam o dizimo se enriquecendo a custa da fé de pessoas simples. A questão é sempre polêmica principalmente em se tratando de religião. A crise tem que ser enfrentada. Mas o hedonismo da nossa sociedade também.
Nayla Cristina
Texto elaborado para o forúm de minha especialização em Comunicação Pública - Pela Universidade Gama Filho. Falando sobre enfrentamento de crises.
Nayla Cristina

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